Aspartame

Entenda a decisão da OMS em lançar alerta sobre o consumo do adoçante

Especialistas pedem cautela com a nova medida da Organização

Foto: Divulgação - DP -

Por Joana Bendjouya

O adoçante artificial aspartame, bastante usado em refrigerantes, foi classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com o oncologista Alexandre Jácome, é preciso ter prudência com a nova medida e manter a atenção em que tipo de alimentação e alimentos estão sendo consumidos no dia a dia. “Precisamos de cautela na hora de analisar a situação. A OMS não é uma agência de alimentos. O que ela faz é emitir alertas, o que é importante para que outras instituições façam novas pesquisas e análises do assunto. Para se ter uma ideia, há uma recomendação, por exemplo, no mesmo nível do adoçante, para as radiações eletromagnéticas emitidas pelos telefones celulares”, comenta.

O aspartame está presente em mais de cinco mil produtos, incluindo pastilhas para tosse e creme dental, usado para fazer higiene bucal. O adoçante está no terceiro de quatro níveis de risco. Sendo o primeiro classificado, é para produtos considerados definitivamente cancerígenos e comprovados com vigor por pesquisas científicas, como o tabaco e a luz solar. O segundo é para agentes determinados com riscos prováveis de câncer. E os que estão no terceiro nível se encaixam em possíveis carcinógenos, mas com evidências limitadas sobre o potencial de causar câncer.

O aspartame foi incluído no grupo 2B da lista da Iarc, ao lado de alimentos como carne vermelha e picles de vegetais. A agência agrupa as substâncias de acordo com a quantidade e a qualidade de evidências científicas sobre a associação dos compostos com o câncer. No caso desse grupo, alguns estudos indicam ligação com o câncer, mas não há consenso científico.

Segundo o especialista, muito além da redução do aspartame na dieta, para prevenir o câncer é mais importante manter hábitos saudáveis como um todo, dando atenção à prática de exercícios físicos regulares e alimentação saudável, com ingestão de frutas, cereais, legumes, entre outros, além de muitas fibras. “Controlar o peso é importante, pois a obesidade também pode ser um fator de risco para alguns tipos de tumores e o adoçante vem muito nessa linha, isso também é fundamental para os diabéticos. Mas é possível manter o peso com a mudança na alimentação como um todo, além de ser mais saudável, claro”, explica.

O estudo
A publicação também conta com o parecer de Peritos em Aditivos Alimentares (Jecfa), Comitê Misto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e OMS, que, além de concluir que não há evidências convincentes de que o aspartame tenha efeitos adversos após a ingestão, afirmou que não há razão para alterar a recomendação máxima diária, de 40 mg/kg. “Uma pessoa de 60 quilos, por exemplo, precisaria ingerir mais de 70 pacotes de 8g de aspartame para ter algum risco. É um cenário bem irreal”, continua o especialista.

O adoçante está presente não só em bebidas gaseificadas, mas também em sucos prontos líquidos e em pó, chás industrializados, preparos prontos para café e cappuccino, iogurtes, gelatinas, pães e chicletes, entre outros. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por regular o consumo do produto e deve avaliar as novas instruções da OMS.

O estudo foi feito por um grupo de trabalho da Iarc composto por 25 especialistas independentes, de 12 países diferentes. A OMS orienta os consumidores a não usar adoçantes sem açúcar para fins de controle de peso.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Bronquiolite viral aguda Anterior

Bronquiolite viral aguda

Facilitando o aleitamento materno: fazendo a diferença para os pais que trabalham Próximo

Facilitando o aleitamento materno: fazendo a diferença para os pais que trabalham

Deixe seu comentário